escolhemos ou somos escolhidos?


será que nós é quem escolhemos o lugar,
ou o lugar é que nos escolhe?
foi assim em Aracajú...
parecia não termos escolhas, não havia fuga,
era lá mesmo que era pra ser....
Sol Sergipe...

Contos do Nordeste I

Nós dois e uma estrada de barro vermelho
idas e vindas pelas mãos de plutão, emoções na contramão.
O calor do solo árido pisoteia esmagantemente nossas mentes
percepção alterada, está tudo tão mais vivo
tudo tão quente, mais quente em todas as direções....
Chapando a nossa cuca
fotossíntese,
Quando ganho o molejo nordestino
e as gírias nas palavras
pareço uma carioca maluca
com ares europeus querendo não ter um troço
sentir-se integrada de alguma maneira
em tudo que possa ver , sentir e ouvir...
Muitas viagens nessa viagem.
Mas sabe o que mais me dá coragem?
Temos um ao outro. Apenas você e eu, eu e você!

Somos soltos agora, juntos por opção.
O Roteiro é sem Destino num céu
Sem Limites de Um Mar queimando
Os dois sois da Paixão!!!

Ah, ainda temos cia das mochilas, e temos a câmera.
Coisinha essencial que materializa e torna pegável
a experiência que vivemos nesse intercâmbio cultural.

Tantos mundos dentro de nossos mundos...

O médico e o monstro


Há mais probabilidade de um ser humano nascer reprimido que liberto. Já nascemos numa dimensão colossal nas quais não conseguimos perceber nem descrever os nossos verdadeiros sentimentos. A educação recebida pela sociedade nos afasta de nossas essências originais. E um ser que é reprimido é capaz de cometer os piores delitos, e, as mais loucas atitudes impensáveis. Pois logo seus monstros interiores escapam fazendo estragos piores que lobos famintos. Tudo isso, por que desde seu nascimento, o ser reprimido recebe sua hipócrita educação e lições de moral formando sua máscara social para conviver melhor na sociedade. Sendo assim, suas emoções ficam vigiadas por um guardião de moralidade e quando há qualquer sinal de anomalia, de paixões proibidas, ou sentimentos descriminados, o guardião entra em ação, e, essas emoções são bloqueadas e aprisionadas, como numa cadeia psíquica, todos os pensamentos proibidos são condenados e se viram contra toda a lei de educação recebida, lei esta que nem mesmo o ser reprimido às vezes sabe se é correta ou não, muito menos o motivo de tanta obediência e vivência contra vontades de seus instintos naturais.

Um ser reprimido vive uma sentimentalidade estereotipada. Um dos índices de sua cegueira é justificar-se, mascarar-se. Trancando cada vez mais em jaulas os monstros que o atormentam, com chaves que são desculpas e explicações calculadas inconscientemente para que eles não escapem. Numa falsa impressão de que os seus monstros não se revelem em nenhuma intimidade, este ser reprimido forma em si mesmo um abismo inominável.

Ele acha que conseguirá manter distância da escuridão, fazer o que? Ein?

Uma vez que a cadeia psíquica sofrer lotação para onde vão todas as emoções?

Campanha: Eu admito as minhas monstruosidades.


Hohohoho.

Mundo Encantado




Eu dormia
Dormindo eu sonhava,
Sonhava dormindo acordada
E no meu sonho
Você era exatamente como eu esperava.
Por isso, logo quando eu te vi a primeira vez,
Reconheci o brilho ardente dos teus olhos...

Você é o príncipe por qual eu aguardava
A você eu entrego a jóia do ouro do meu amor

Quando você veio até mim,
Eu juro que não imaginava
Estava perdida em outra dimensão
Meio lua, meio em alfa,
Eu não me amava
O meu valor tenho aprendido,
Com você tudo passou a ter sentido.

Você é lindo, é uma alma assim divinal.
Em qualquer lugar no mundo eu sinto seu cheiro
O sonho é comum, você me quer por igual.

Chego a acreditar que é além da paixão
Fomos feitos um para o outro
E acredito em outras coisas
Antes não faziam lógicas...Reencarnação....
Você nasceu pra mim, meu escolhido.
Os arcanjos celestiais ouviram o meu pedido...

Vivemos um encantamento mágico
A paixão nos guia como haley guiou os reis magos
Nós dois juntos formamos um amor além dos 7 mares!



Alexia

Edmundo, o Céptico


Cecília Meireles



Naquele tempo, nós não sabiamos o que fosse cepticismo. Mas Edmundo era céptico. As pessoas aborreciam-se e chamavam-no de teimoso. Era uma grande injustiça e uma definição errada.

Ele queria quebrar com os dentes os caroços de ameixa, para chupar um melzinho que há lá dentro. As pessoas diziam-lhe que os caroços eram mais duros que os seus dentes. Ele quebrou os dentes com a verificação. Mas verificou. E nós todos aprendemos à sua custa. (O cepticismo também tem o seu valor!)

Disseram-lhe que, mergulhando de cabeça na pipa d'água do quintal, podia morrer afogado. Não se assustou com a idéia da morte: queria saber é se lhe diziam a verdade. E só não morreu porque o jardineiro andava perto.

Na lição de catecismo, quando lhe disseram que os sábios desprezam os bens deste mundo, ele perguntou lá do fundo da sala: "E o rei Salomão?" Foi preciso a professora fazer uma conferência sobre o assunto; e ele não saiu convencido. Dizia: "Só vendo." E em certas ocasiões, depois de lhe mostrarem tudo o que queria ver, ainda duvidava. "Talvez eu não tenha visto direito. Eles sempre atrapalham." (Eles eram os adultos.)

Edmundo foi aluno muito difícil. Até os colegas perdiam a paciência com as suas dúvidas. Alguém devia ter tentado enganá-lo, um dia, para que ele assim desconfiasse de tudo e de todos. Mas de si, não; pois foi a primeira pessoa que me disse estar a ponto de inventar o moto contínuo, invenção que naquele tempo andava muito em moda, mais ou menos como, hoje, as aventuras espaciais.

Edmundo estava sempre em guarda contra os adultos: eram os nossos permanentes adversários. Só diziam mentiras. Tinham a força ao seu dispor (representada por várias formas de agressão, da palmada ao quarto escuro, passando por várias etapas muito variadas). Edmundo reconhecia a sua inutilidade de lutar; mas tinha o brio de não se deixar vencer facilmente.

Numa festa de aniversário, apareceu, entre números de piano e canto (ah! delícias dos saraus de outrora!), apareceu um mágico com a sua cartola, o seu lenço, bigodes retorcidos e flor na lapela. Nenhum de nós se importaria muito com a verdade: era tão engraçado ver saírem cinqüenta fitas de dentro de uma só... e o copo d'água ficar cheio de vinho...

Edmundo resistiu um pouco. Depois, achou que todos estávamos ficando bobos demais. Disse: "Eu não acredito!" Foi mexer no arsenal do mágico e não pudemos ver mais as moedas entrarem por um ouvido e saírem pelo outro, nem da cartola vazia debandar um pombo voando... (Edmundo estragava tudo. Edmundo não admitia a mentira. Edmundo morreu cedo. E quem sabe, meu Deus, com que verdades?)