Estação

Acordei hoje em alto mar


afogando-me nos labirintos de cristais


pulando muros dos escuros abissais


no mais fundível oceano estrelar


as flores da primavera desbotam


azul e amarelo


sem certezas de minhas dúvidas


monto nos cavalos marinhos escorregadios


de razão, a lógica feito pérola esconde-se muito bem


de mim mesma dentro das conchas que vão além da paixão

Surfo nas emoções daquele que me ama escondido

a piedade sai bobolhando como bolhas que o vento não trás

e é ao ver as ondas dos teus cachos cobreados

que volto a me afogar em terras áridas do amor invivido

o mar entorna e eu cada vez sofro mais

sofro como cada onda que vem e que vai,

luta e guerreia para a vida mudar e ter sentido,

mas tem horas que é além do sentir-se vivo,

quando parece ter tido paz

o destino te trai

surpreendendo com novas navalhadas na carne

e joga-se em piscina de alcóol após

de tanta dor e tanto sangue

meu mundo desfazem tantos nós

como uma estação que não quer florir

meus olhos reaprendem à sorrir...

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