Boneca de Pano


De onde venho, dias de chuva tem cheiro verde, gosto de brisa colorida do arco-íris, os passarinhos voam baixo para nos avisar, a cigarra canta girassóis, orquídeas e lírios! Chuva com sol, despontada, despedida: Poesia !!! Mas, aqui no RJ, ou melhor na Lapa, é tanta poluição, é sonora, é física, também atmosférica, sinto-me tão sufocada sem nem poder respirar direito!!! O ar fica preso no pensamento que tá solto, soltinho querendo se libertar, pensar alto e até gritar umas asneiras!!!


Dane-se tanta arrogância bem vestida, não suporto mais essa elegância, hipocrisia metropolitana, de classe-média, canso de viver na média!!! Pensam que isso é estilo de vida, prefiro a simplicidade da minha terra. É tanta média:
-Na média na A-baixa!!! -Levanta!

Arrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr!!! Pulo da cama!!!
Descruzo os braços desse cotidiano apertado, o caminho é largo, mas com o tempo o nó da gravata cada dia te deixa sufocado...Não quero continuar vivendo e sabendo no que vai dar, olha a sua volta os mais velhos como vivem triste, e tendenciosamente as coisas caminham para o mesmo lugar! Como será um futuro feito fantoche? Feito boneca de pano que depois das mesmices fica encostada na prateleira que ninguém tem coragem de jogar fora , os olhos, um, caído, outro costurado.

Todas as aflições, frustrações e angustias são re-maquiadas a cada nova roupa, a cada impulso, consumismo, capital, capital e só capital....

Olho para aquela boneca de pano encostada, e, lembro-me de uma infância q
ue foi boa...sinto que meu futuro aguarda algo maior, bem maior que isso...

Nenhum comentário: